Se esperássemos filhos
Se viesse menina em canção
Se chorasse vida em seu parto
Se viesse Deus sabe donde
Pra dormir em nosso quarto
Se a ela encontrássemos
Perdida de direção
Se você não fizesse questão.
S'enlaçadas nossas mãos
Coubéssemos nós três no retrato
Se fossemos para sempre,
Que nos fosse por um triz,
A ser feliz condenados
Ela poderia, meu amor,
Chamar-se Beatriz?
* Uma anedota sobre o poema *
A ideia veio quando eu ouvi a música Beatriz no álbum d' O Grande Circo Místico. Eu já conhecia a música, talvez como a maioria hoje, pela voz da cantora Ana Carolina. Mas, dessa forma ela fica solta em um álbum que não lhe pertence.
Beatriz foi composta por Chico Buarque e Edu Lobo para este balé chamado O Grande Circo Místico. Sim, exatamente isso: não existe só o Lago dos Cisnes. Enfim, ouvindo a música dentro do seu álbum, que alias é fantástico, ela me encantou como realmente deveria me encantar. E eu decidi, toda encantada, que minha filha se chamaria Beatriz, quando ela viesse, se ela viesse. Então fiquei me imaginando tentando convencer "my partner" a chamarmos nossa filha assim. Aí saiu o poema.
Mas, quis fazer direitinho dessa vez, metrificado, pelo menos uma tentativa. Enfim, fiquei umas boas horas pra tentar calcular os versos e colocar as sílabas no lugar. Enquanto isso eu ouvia , pela primeira vez, o álbum Antônio Brasileiro do nosso mestre Tom Jobim. Na metade do meu trabalho uma das músicas do álbum me chamou atenção e foi enquanto ela tocava que eu terminei o poema. Voltei a música e me dei conta que ela foi feita por Tom para sua filha, e a menina cantava com ele: O Samba de Maria Luíza. Postei no meu face na hora o sambinha que é fofo por demais. Depois fiquei pensando que talvez a poesia tenha um carma ou sei lá o que. Achei loucura eu estar escrevendo um poema do nome da minha futura filha (se ela vier) enquanto Tom, do nada, em um álbum que eu esperava baixar a dois dias e ainda não sabia o que tinha dentro, cantava pra mim um samba com o nome da sua filha. Acho que me senti em harmonia com o maestro, tenho esse direito, não tenho?! (risos)