segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sobre o que é tolo

Gosto de escrever pelo prazer sutil de deslizar a caneta. Raspar o lápis no papel fazendo barulho de coisa séria. Um prazer tão próprio que às vezes tenho a gana de escrever de olhos fechados. Então tudo é bagunça por dentro e por fora.
E quando não se tem, nem se sabe o que escrever, mas brota esse desejo de brincar de escritor ... ah! É mais angustiante que noite de domingo depois da missa.
É uma vontade que deveria ter resolução própria, como a falta de ar, que se o ar falta, o corpo dana a respirar com mais força sem que se possa controlar.
O desejo de roçar a caneta no papel não se satisfaz se o fizermos sem direção. O atrito deve desenhar palavras e as palavras devem desenhar algo com a ousadia de ser dentro e fora do papel.
Vontade ingrata, que por mais satisfeita hora ou outra volta, como fome e sede que nem a morte alivia. Os crentes dos espíritos alimentam e embebedam seus mortos conforme a vossa vontade.
No pé do meu túmulo deixem sempre um papel e uma caneta. É o suficiente.