O amor é um grande atrevimento da nossa parte. Se despíssemos todos os pudores, jogássemos na cara das tradições nossa nudez social, sexual e profissional, se vomitássemos nossos mais ínfimos desejos no tapete persa de todo esse sistema, com certeza acabaríamos sendo redimidos, cedo ou tarde, por algumas de nossas virtudes.
Agora, quando nos atrevemos ao amor, estamos irrevogavelmente condenados. Não pela gravidade do crime, que realmente não é dos mais brandos, mas pela condição a que o amor nos submete: a liberdade. Por amor somos livres em nós, porque por amor, pra quem se ama, tudo é permitido e possível. A única hipótese que jamais poderá ser é não amar.
Não é romantismo. É puro atrevimento. De querer ser livre ao menos por dentro, porque a liberdade de fato não é um crime possível.