segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sobre Todas as Minhas Revoltas

É ... 


         Vocês tem razão!

Eu pareço uma adolescente rebelde, sem causa nem razão. A menina infantil que quer aparecer, fazer bonito. Aquela bobinha que só pensa que sabe, mas é jovem de mais pra saber.


Vocês tem toda razão!
Pra que tanto barulho?
Estou dando atenção demais a coisas supérfulas, que não vão me levar a nada, não é mesmo?


Por que tanta revolta Larissa? Onde você quer chegar com tudo isso?


Ah ... Bobagem minha. Uns ideais sem importância subiram a minha cabeça. Algo parecido com: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Coisas que só vemos nos livros de história ao lado da palavra REVOLUÇÃO.


Mas, vocês tem razão. Analisando o contexto e a viabilidade dos fatos, o preço é alto. Um investimento sem perspectiva de retorno.


É... que sabe oquê é: era difícil pra um negro não ser a favor da abolição escravocrata quando ele sentia o peso da chibata sobre suas costas e comia uma sopa rala no chão friu. Era difícil, mesmo ele sabendo que a sua condição sustentava a economia de um país. Pra ele morrer por essa tal Liberdade parecia menos custoso.



Tecnicamente não existem mais escravos.
Tecnicamente todos são iguais. 
Tecnicamente todos se respeitam.






Mas, é muito difícil acreditar no "tecnicamente" quando você sente o peso da realidade. É 
aquela velha chibata que na verdade não foi posta de lado.


Desculpem-me, eu sei que vocês tem razão! Mas, é muito difícil não se revoltar quando se assisti e sente certas verdades.


Quando se vê a religião, criada para cultivar o bem, valorizar o espíirito e buscar uma ética mais humana, essa mesma religião cada vez mais segregando as pessoas. O Estado, órgão responsável pela manutenção da harmonia social, provocando guerras e enganando os que o sustentam como poder. A ciência, fábrica do conhecimento, instrumento de libertação através da busca da verdade, se concentrando na mão de poucos para subjugar os outros muitos.




É  difícil ver tudo o que você sempre acreditou de repente desmoronar diante dos teus olhos. Porque aquele velhinho barrigudo, de roupa vermelha, barba branca e risada engraçada... ELE NÃO EXISTE!




Eu acreditava que todos os seres humanos fossem iguais. Mas, aí eu fui pra escola e vi que meu coleguinha tem uma cor de pele muito diferente da minha. Eu sou católica mas o João é judeu. Eu almoço com meus pais e a Maria nem conhece sua mãe. Aos domingos eu vou ao shopping, mas a Joaninha ajuda a mãe a cuidar da casa. E eu que pensava que isso tudo não significava nada, vou crescendo e descubro que é só isso que realmente significa alguma coisa.


Então a gente vai percebendo que é tudo mentira. Ninguém é igual. E o pior: ninguém aceita a diferença. 


"Eu não sou a princezinha. Eu não sou o único campeão. Nem todo mundo consegue sorrir como eu. Nem todo mundo precisa sofrer como eu."


Mentiram pra mim !!!




Mas, já é tarde pra revolta. Temos que aprender a engolir a mentira como ela é. Você não pode se dar ao luxo de pensar a respeito. Porque o pior ser humano é aquele que quer ver.


Então, mais uma vez eu peço perdão pela minha revolta. É que eu senti as chibatadas na pele, e descobri que o silêncio é a maior dor que eu posso me causar.








" Se fosses cego, não terias nenhum pecado; Mas, porque agora dizes: eu vejo! Nada vês. " ( João: 11; 41 )